A Primeira vez a gente nunca esquece

A primeira vez a gente nunca esquece
Estranho falar da primeira vez em algo. Tantas primeiras vezes. Nem sei por onde começar.
Primeiro vou falar do Diário Negro. De onde ele surgiu. O Diário Negro foi um site. Era um domínio. Um site de contos e poesias administrado por Moa Sipriano. Depois virou um Blog, O meu Diário Negro, com contos e gravuras.
Mas existia um diário, sim, ainda existe, de capas negras, que conservo dos anos de 1998 até 2000, com pensamentos e histórias sobre a minha vida neste período, como um brainstorm em que eu escrevia de tudo. Desde de o frívolo até o mais sentimental. Ninguém leu e vai ficar para posteridade. Não vou me desfazer dele.
A primeira vez que escrevi foi em Dezembro de 1998. Foi uma tentativa de expor um pouco mais sobre mim antes do advento da Internet na minha vida. A primeira vez que fiz uma exposição dos meus trabalhos de gravuras foi em 2002. Mesmo ano que ganhei um Teddy Bear do Hermann.
A primeira vez que acessei a Internet foi Janeiro de 2000.A primeira vez que me assumi homossexual foi em Junho de 1996. Foi um silêncio constrangedor que permaneceu até que certas zombarias tomaram conta. Bobagens perto do que poderia ser. O primeiro namorado veio em 1999.A primeira vez que nos beijamos foi um beijo arrebatador em Março de 1999. O primeiro amor e a primeira vez em 1998. A primeira internação também. Pós-crise bipolar. A primeira vez que eu aceitei Cristo em meu coração eu tinha 9 anos de idade. Ele nunca mais me deixou. A primeira briga com meu irmão veio em 2007.Abalou estruturas. A primeira vez que passei um Ano Novo sozinho foi em 1998.Foi uma decisão minha. A primeira vez que ouvi Glashaus, Rosenstoltz e Rapsoul foram em 2005. Um presente do Stephan. A primeira vez que estive em uma casa GLS foi em 1998.Mesmo ano em que fui morar sozinho. Chamava-se Disco Dance. O primeiro beijo foi em 1996. A primeira vez em que odiei minha mãe foi em 1998.Pra aprender que ela estava certa anos após. A primeira vez que tentei suicídio foi em 1996. A primeira vez que me toquei eu tinha 14 anos. A primeira vez que eu entrei num estúdio para gravar minhas músicas eu tinha 30 anos. A primeira vez que estudei música foi em 2000. A primeira vez que desenhei foi em Fevereiro de 1986. A primeira vez que eu tive um cãozinho eu tinha 5 anos. A primeira vez que fumei foi em 1998. Minha primeira professora foi a Dona Maria Clara. Minha professora favorita de Português foi a dona Amélia. Descobri que eu odeio fazer barba uns 10 anos atrás. A primeira vez que me envolvi com um estrangeiro foi em 2001.A primeira vez que saí com um Francês foi em 2000. E com um Austríaco em 2005. Não era o certo. A primeira vez que deixei o país foi em 2008. Nevava. Alemanha. A primeira vez que tomei um pé na bunda foi em 2004.A primeira vez que dei um pé na bunda foi em 99.A primeira vez que percebi que sou homossexual foi aos 4 anos de idade. A primeira vez que alguém me perguntou foi em 1994. A primeira vez que tomei a cantada de um homem eu era jovem demais e não lembro a data. A primeira vez que me apaixonei sem resposta foi aos 9 anos de idade. A primeira vez que escrevi uma poesia foi aos 16 anos de idade. A primeira publicação de um conto em 2007. A primeira paixão platônica durou anos. Ainda mal resolvida. A primeira vez que ouvi sobre bipolaridade foi em 1998. E a primeira vez que contei sobre foi em 1999. E eu não falo sobre isto desde 2008. Não que haja a cura, mas a cura há. Comecei a trabalhar com 15 anos de idade. Foi em 1989.
Sempre existe uma primeira vez para tudo. Mas o momento é o agora.
Dizem que vivemos 65% da nossa vida no passado, 20% no futuro e 15% no presente. Que tal mudar esta porcentagem e viver 100% no hoje com um olho no futuro ou nos preparando para ele já que é inevitável? Com a experiência do passado pra não errar novamente?
Semana passada esperei um e-mail que chegou. Eu só queria ler mais uma vez “Eu te amo” e realmente li. Agora é esperar o próximo até que possamos falar ao telefone novamente e dizer “eu te amo” mais uma vez, até estarmos juntos para que o “eu te amo” se torne em ação.
E vai ser mais uma primeira vez.

Amar a um homem e a Deus

Amar a Deus e amar a outro homem concomitantemente

Uma das minhas maiores dificuldades sempre esteve ligada à palavra amor. Amor é isto, amor é aquilo,se deve amar seus pais, seus irmãos, familiares, amigos em graus diferentes. Talvez tenha a ver com o respeito, com proximidade, com similaridade, sintonia.
O amor maior pertence a Deus. Deus designa seu caminho, com quem você deve andar ou não, com quem você deve se casar, quantos filhos deve ter e a religião que o religa a Ele. Mesmo que se transite de uma a outra de vez em quando.
Aí você se encontra amando alguém do mesmo sexo, sendo contra o que a Bíblia parece dizer, contra seus pais, contra seus irmãos e mesmo contra seus amigos até que haja uma readaptação de tudo o que você fez ou está fazendo até o momento.
A primeira vez que me apaixonei por outro homem eu não entendia nada, nem na segunda, nem na terceira, nem na quarta. Eu estava aprisionado sobre dogmas cristãos que geraram em mim, culpa, vergonha e muitas, mas muitas dificuldades.
O mais estranho foi ter que quebrar os dogmas para poder sair do meio em que eu vivia e viver no meio em que eu vivia com outra vida.
Meu primeiro namorado sofreu horrores nas minhas mãos pelo não aceitar o que eu queria viver com ele, querendo viver com ele e me afastar ao mesmo tempo.
Eu queria ser o bom moço, mas também queria ser o homem dele ao mesmo tempo.
E pra piorar a reação da minha família não foi negativa. A reação negativa foi minha.
Uma não aceitação que refletia mais que um espelho o sol que não se tapa com a peneira.
Deus não estava ali me acusando de nada. Eu estava.
Quando olho meus relacionamentos sabotados, eu percebo que não perdi o amor de Deus, nem de meus pais, nem de meus irmãos, nem da igreja que eu freqüentava e nem a admiração das pessoas que eram amigos antigos.
A necessidade de aceitação era de total responsabilidade minha. Mais uma sabotagem.
Terapias não surtiam efeito porque eu mesmo não queria mudar. Fui buscar a resposta em Deus. Acabei encontrando a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias ou Mórmons. Foi à primeira vez que vi uma igreja tão funcional como esta. Até que o inevitável aconteceu: me apaixonei por outro homem e fui correspondido.
A questão em si é permanecer na igreja ou viver este amor. Não vou viver no armário, afinal, nunca vivi. Minha mãe sempre soube e meus irmãos também. Mas a igreja possui uma leveza em si que me faz sentir bem. Sou um homem que admira Joseph Smith e que concorda com aquilo que ele deixou escrito. Mas amar outro homem está em meus planos.
Não traio a Deus. Nem mesmo a igreja. Se eu disser não, trairei a mim mesmo.
Deus não nos condena por amarmos uma pessoa do mesmo sexo. Nós nos condenamos.
Às vezes lemos a Bíblia e temos surpresas. Um versículo em Cantares de Salomão me chamou a atenção em 1999 quando eu participava da Comunidade Cristã Gay.

“Ah! Quem me dera que foras como meu irmão, que mamou os seios de minha mãe!quando eu te encontrasse lá fora, eu te beijaria; e não me desprezariam!Eu te levaria e te introduziria na casa de minha mãe e tu me instruirias;eu te daria a beber vinho aromático, o mosto das minhas romãs. A sua mão esquerda estaria debaixo da minha cabeça, e a sua direita me abraçaria”
(Cântico dos Cânticos 8,1-3)
Por mais que eu quisesse interpretar como uma mulher (ou a Igreja) falando a Deus, eu vejo um homem falando a outro de maneira sutil.
Existe um livro chamado “O que a Bíblia realmente fala sobre a Homossexualidade” das Edições GLS e deixo um link http://www.soulfoodministry.org/docs/Portugese/Port_BibleHomo.htm da Igreja Metropolitana para leitura.

Para Finalizar,trechos:
"Eu sei e sou ensinado pelo Senhor Jesus que nada é impuro por si mesmo; mas é impuro para qualquer um que pense que seja impuro" (Romanos 14:14, versão "Revised Standard")
“A alma de Jônatas se ligou com a de Davi; e Jônatas o amou, como a própria alma” (1 Sm 18.1).
‘Teu amor me era mais precioso que o amor das mulheres’ (2 Sm 1.26). (Disse Davi quando Jônatas morreu).

A ESCOLHA DE CRISTIANO

Cristiano entornava vodka na garganta. Sentia o calor do gole. Saboreava.
Ele se sentia perdido. Uma lágrima insistente rolava sobre sua face.
“ Homem não chora” pensava, enquanto torcia para não ser visto no breu daquele bar.
Em si era um bar aconchegante. Pequenos bancos situados sobre estruturas que continham pequenas luminárias. Mas o centro, onde transitavam os garçons era escuro. E haviam mesas para quem quisesse algum petisco.
Cristiano pensava que todos podiam vê-lo e seu rosto queimava.
Depois de um dia duro de trabalho, ele queria descansar, relaxar. Mas sua mente não permitia.
Se lembrava como tudo começou. Sua mulher chegara aos quarenta anos. Após três partos, ela perdera o tesão. Compreendia a mulher como dava, mas começou a procurar mulheres fora do casamento. Será que Angela sabia?
Aos poucos havia se acostumado a trair. Tinha uma vida paralela, onde encontrar mulheres em saunas e casas de massagens, era comum Mas nunca imaginou que algo acontecesse. Algo que mudasse seu comportamento.
Conheceu Davi. Um homem da sua idade, quarenta e dois anos. Alguém que era diferente dos outros.
Quando conheceu Carla, na casa de suingue, marcou um encontro na casa dela. Que surpresa foi saber que Davi estaria presente e observando-os. No tesão do momento, Cristiano transou como ninguém, se exibiu, esmerou.
Após satisfeito, tomaram um banho juntos. Os três.
Quando Cristiano sentiu a mão de Davi em seu pênis, recuou assustado. Disse que aquela não era a sua praia.

Durante um bom tempo, enquanto saia com Carla, aquela loura escultural com um rabo divino, Cristiano via Davi de tempo em tempo. E não conseguia tira-lo da cabeça.
Carla o convenceu a transar os três.
Cristiano achou bom por ser algo que ainda não havia feito. Enquanto se divertiam com a dupla penetração, Davi bolinava suas nádegas e tocou seu anus.
Quando os dedos grossos de Davi tocavam seu anus, Cristiano teve seu mais ardente orgasmo. Mas decidiu nunca mais voltar a ver Carla. Se sentiu humilhado, se sentiu sujo.
Buscou todas as desculpas para seu prazer, buscou todas as razões.
Com certeza era porque nunca saiu do papai – mamãe com sua esposa. Ou porque Carla era a mulher mais experiente que conhecera.
Mas as mãos fortes de Davi eram a razão pela qual se sentiu mal.
Ele não era gay, e não tinha tesão no rabo. Não podia ser.
“ Eu sou espada” respondia a si próprio.
E se arrepiava ao lembrar dos dedos grossos de Davi no seu anus. Um arrepio de prazer.
Cristiano sentiu um toque no ombro e se assustou. Assustou –se ainda mais quando se deparou com Davi.
_Desculpa Cristiano. Não queria assusta-lo!
_ Não, foi nada. Estava distraído. Senta!- Disse Cristiano sem pensar.
_ Você está meio cabisbaixo ou é impressão minha? – Disse-lhe Davi, pressionando-lhe uma das coxas de maneira amistosa.
_ Muitos problemas em casa e no trabalho. Como vai a Carla?
_ Você não ficou sabendo? – Disse Davi com o semblante triste.
_ O que aconteceu?
_ Ela me deixou. Porque eu nunca quis filhos.
_ Puxa! Desculpe.
_ Não tem problema. - Disse Davi tocando lhe o ombro.
Abruptamente, Davi o puxou contra si e o beijou. Beijou com tesão e Deixou Cristiano sem chão.
Cristiano sem pensar, puxou Davi contra si quando este terminou o beijo e o beijou de novo.
Cristiano se permitiu um beijo para depois sair trôpego pelas mesas. Saiu como um furacão do bar, sem sequer pagar a dose.
Andava rápido pelas ruas e com um sorriso adolescente no rosto.
As idéias rodavam com rapidez em sua cabeça.
Lembrava de quando era pequeno e seu coleguinha de escola brincava de troca – troca com ele.
Que ele gostava do seu coleguinha o chamando de mamãe.
De quando ele era o papai e encoxava seu coleguinha.
De ver seus amigos nus naquela masturbação coletiva.
Que queriam ver quem gozava primeiro. E da vez em que ele e seu coleguinha mais crescidos, masturbaram um ao outro com uma culpa. Eles se beijaram ao chegar ao orgasmo. E desde então nunca mais se falaram.
Até o dia que conheceu Carla. E descobriu que Davi havia crescido e o beijo não havia sido esquecido.
Agora Cristiano fez o que há muito fizera.
Quando ele era o papai no troca – troca ele havia fugido e dito que Davi era mãezinha.
Mais uma vez o chamou de mãezinha. Ele dava a esposa para outros comer.
Mas o beijo não se apagava da memória de Cristiano. Então ele retornou ao bar. Conversou sobre o passado com Davi. E finalmente se entregou. Davi e Cristiano seguiram para o apartamento dele.
Angela poderia esperar.
Cristiano finalmente fez a escolha.
Enquanto ambos tiravam a roupa, Cristiano refletia no espírito daquela cerimônia, naquilo que fazia tudo tão especial. Os beijos apaixonados, as carícias que tinha se negado há tanto tempo, o prazer de seu suor, de seu desejo, do membro ereto.
Tudo fazia sentido finalmente.
Não havia culpa, já que sua mulher não o desejava, apenas amava.
Não existia traição, sendo assim não haveria culpa.
Esse era um prazer antigo. Mais que sua adolescência, mais que suas leituras. Ele não era doente ou neurótico. Ele se livrava das risadas de seus amigos, por não gostar de zoar com os gays no passado. Agora ele se entregava aos braços fortes de outro homem. E por opção própria. Davi era o homem que escolhera para si.
Começaram a se entender de maneira incrível. Iam juntos ao cinema, ao teatro, beber e ao estádio de futebol, junto com os filhos dele
Davi reatou com Carla. E eles estavam bem. Agora eram dois casais. De novo..
Até mesmo Carla parecia enciumada com a amizade dos dois, já que de vez em quando, eles pareciam preferir transar entre si. Mesmo que ela fingisse não saber.
Um dia estavam bebendo uma cerveja, quando começaram a conversar sobre suas mulheres.
_ Sabe Cristiano, acho que sua mulher deveria conhecer a minha. Você já me falou que ela é frígida. Será que é verdade?
_ Vou fazer isto um dia. Mas minha mulher é de uma família conservadora.
Um certo dia, após já conhecer Davi e Carla, Angela se preparava para lavar a louça, e Carla se ofereceu para jantar. Os filhos não estavam em casa e Davi e Cristiano assistiam um humorístico na TV.
Quando Angela se debruçou na pia, Sentiu o corpo de Carla mais perto do seu. Carla então foi aos poucos encoxando Angela, que virou-se e com uma boa desculpa chamou Cristiano. Discretamente falou sobre aquela mulher “ mundana”.
Assim que Davi e Carla se foram, Angela queria uma explicação:
_ Cristiano, onde você encontrou este casal?
_ Eles são amigos do clube que freqüento. Boliche.
_Eu não gostei desta mulher. Não quero vê-los mais.
_ O que aconteceu Angela?
_ Nada Cris, nada.

Naquela noite, Angela o procurou na cama, e após anos, fizeram amor de novo.
Aos poucos, o dia a dia de Angela e Cristiano ficou mais e mais erótico.
Isto quando não estava nos braços de Davi.

Narciso e a cegueira

Narciso e a cegueira


Sempre prezei muito minha beleza. E minha masculinidade. Bem no fundo do meu ser, “o outro” não existia. Muitas vezes “alguns” ousaram querer se fazer presente dentro de mim. Matei a todos.
Lembro-me bem de namorar gente bem feia, mas rica, para poder usufruir o bom e do melhor. Desde cremes a viagens, passando por artigos importados da Europa e América do Norte. Tudo para reforçar quem eu era: um homem belo.
Isto, até conhecer Steven. Steven era o tipo de homem que não se importava com minha beleza. Isto me irritava profundamente. Ele sempre me elogiava, mas não se apaixonava. Eu fazia promessas falsas de amor eterno, me vestia de Armani, me perfumava ou simplesmente me despia de tudo. Ele não mudava.
Ele me sorria todas às vezes, me beijava com violência e me devorava, mas não se apaixonava. Após cada encontro, me sentia mais frustrado. Será que não era doce o suficiente? Meu pau não era grande o suficiente? Minha bunda não era carnuda o suficiente? Meus lábios não vertiam mais mel?
Steven...
Lembro da última noite em que estivemos juntos. Nos sentamos um de frente para o outro naquele hotel chique, e ele falava muito sobre o quanto eu era belo, sobre minha inteligência, sobre meus modos, sobre a forma como eu falava. Jantamos. Após o jantar, ele me presenteou com um anel. Ouro branco. Meus olhos faiscaram. Disse que era um agradecimento aos dois anos juntos. Um sinal de amizade.
Nunca uma palavra doeu tanto. “Amizade”. Parecia um palavrão. Controlei-me.
Saímos de lá e fomos para casa dele. Seu quarto era todo decorado com espelhos. Eu já havia estado lá dezenas de vezes. E tínhamos dormido ali várias vezes.
Diferente das outras vezes, não houve sexo selvagem. Fomos até o banheiro, nos acariciamos, ensaboamos um ao outro, e ele me fez rir. Acho que esqueci de mim por um único instante na vida. Ele sorriu e me beijou enquanto deixávamos a água morna deslizar sobre nossos corpos. Nos secamos e fomos deitar.
Naquela noite, antes de adormecer entre beijos e abraços e enquanto seu corpo se colasse ao meu a noite toda, e pudesse ficar sentindo seu perfume natural que me inebriou, eu pensei no que significaria a vida toda com ele.
Pela manhã, fui desperto com um beijo. Bocejei, sorri e observei nossos corpos no espelho. Ou melhor, em todos os espelhos daquele quarto.
Ele trouxe o café da manhã e ficamos conversando sobre coisas que nunca havíamos falado antes. E, pela primeira vez, abri uma parte da minha vida que nunca havia dito a nenhum estranho. Coisas da minha infância, aspectos da minha personalidade. Ele ouvia tudo, muito atento, sem fazer piadas.
Mas o dia tem apenas 24 horas, me arrumei depressa de acordo com o que era possível na ocasião, e fiquei perfeito, como sempre. Ele me admirou, sorriu, me beijou longamente e me entregou um pacote. Uma sacola na realidade. E disse:
- Abra em casa.
Cheguei rápido no meu refúgio. Não demorei muito em ver qual era aquele presente. Notei as capas pretas de DVDS com etiquetas com datas e um bilhete que dizia: “Não posso mais. Sinto muito...”.
Escolhi a data mais antiga e coloquei para assistir. Era a nossa primeira transa. Steven mantinha um arquivo com todas as vezes que fizemos sexo em seu quarto.
Não esbocei reação. Assisti a tudo. E ainda observei nosso sono naquela noite. Não liguei para ele. Nem ele pra mim. Nunca mais.
Fui até o espelho. Observei-me. Pensei sobre a vida. Peguei um martelo na caixa de ferramentas. E o quebrei.
* * *
Para S., com o amor que me restou.

Der Arsch



Der Arsch

Er warst ins ruhe. Ich betratchen dein Arsch Gross und Rund.

Ich denken meine Hände spüren dein Arsch unter deine Kleidung.

Meine Lipps, Meine Zahne, beissen.

Entblössen dein Körper: Hose, Hemd, Unterhose.

Der weiss, glatt, Arsch.

Der braun behaart Schenckele.Ich liebe der Arsch.

Ich denke über mein Schwanz gehen innen der Arsch, innen der loch und Kommen.

Er ruhig.

Mein Schwanz gehen da und Ich brüllen und stöhnen.

Ficken der Arsch schnell und schnell bis Ich kommen.

Ich fühl mein Sperma überschwemmem.

Ich glücklich, er ruhig.

Kleiden mein Schürze und Ich hören Tritte.

_ Hermann, hast dir endet die Autopsie?

_Ins funf minuten.

_Seine frau ist warten mit ein Massanzug. Sehr Schön.

_ Er warst einen gute Mann.Ich gehen geben der letzte bad.

foto:: Thor é gogo-boy, contato para shows no (11) 8692-1776 :: fonte Mixbrasil.com.br

Die Augen der Fledermaus ...

Von meinem ersten Jahr auf dem Kollegium zu erzählen ist keine leichte Sache. Denn wenn ich davon erzähle, erzähle ich von der ersten Liebe meines Lebens. Und dabei war ich als Kind immer still und einsam.
Ich wurde zu einem introvertierten und etwas merkwürdigen Jugendlichen. Aber das kümmerte mich nicht. Ich konnte immer lächeln. In dieser Zeit. Alles war kompliziert als Jugendlicher. Ich habe die Begierde gesehen. Und die Begierde, konsumiert zu werden, wurde zu meinem Problem. Alles wegen eines Freundes, und ich lebte zu Hause.

Ich erinnere mich am den Tag, an dem die Badezimmertür weit geöffnet war während er sich badete und sein nacktes Fleisch sah, die Haare, dort, so verlockend, diese braunen Haare, deine weiße Haut, deine nassen Haare, deinen rosa Sack, dein steifes Glied, das Wasser, das mit dem Schaum von Seife und Shampoo und dir hinunterläuft und deine geschlossenen Augen geschlossen, so wie Kinder ihre Haare waschen. Ohne nachzudenken spionierte ich an der Tür und masturbierte, während ich zusah, wie du mit dir spieltest.

Ich zitterte als ich ohne es zu merken mein eigenes Geschlecht manipulierte, und es zu meinem heimlichen Vergnügen aufgerichtet ließ. Als ich plötzlich Geräusche hörte, mit meinem sabbernden Glied in der Linken, versteckte ich mich in der nächsten Kabine. Ich schämte mich über meine Impulse, aber in der Dunkelheit des Raumes kam ich.

In diesem Moment erwachte etwas in mir. Und ich kann nicht leugnen, dass ich mehr brauchte. Aber ich wusste, dass ich nicht mit dir sein konnte und das es nie Wirklichkeit werden würde. Das war der Beginn meiner profanen Laufbahn.

In den Bädern des Lebens begann ich meine Suche nach etwas, was mich die Barrieren der Verlegenheit brechen lassen würde. Auf der Toilettenschüssel stehend beobachtete in der anderen Kabine die Figur meines Interesses.

Wie eine Katze, eine Fledermaus, war ich dort auf der Suche nach der Begegnung mit dem Unbekannten. Ohne jemals gefangen zu werden beobachtete ich, was andere taten.

Viele gingen ins Bad für ihre Grundbedürfnisse. Aber nicht jedes Grundbedürfnis war defäkieren oder urinieren. Das war als ich im Kollegium Jefferson kennenlernte. Er war nicht so ein Junge wie ich. Es war schon ein Mann. Verlobt. Arbeitete in der Schule, , dort wo ich studierte, als Sekretär für Leibeserziehung. Ich fand heraus dass er jeden Tag, vor Arbeitsbeginn, zur Toilette ging und sich einen herunterholte.

Ich gewöhnte mich an seine Art. Jefferson war blond, helle Augen, weißen Körper und nicht zu viele Haare. Großer Schwanz und nicht beschnitten. Große Hoden.

Methodisch zog er sein Hemd oder T-Shirt oder Jacke aus. Die Hose und Unterwäsche auf den Füßen machte er es sich auf der Schüssel bequem, lehnte sich gegen die Wand, schloss die Augen und konzentrierte sich und masturbierte. Ihn kommen zu sehen machte mich verrückt. Das eine oder andere Mal stöhnte er leise, biss sich auf die Lippen, und war so konzentriert, und nie bemerkte er die Katze, die Fledermaus, die ich war. Verzaubert masturbierte ich frenetisch und wurde sein geheimer Gefährte.

So geschah es viele Male. Ich hoffte jedesmal, dass er mir wieder eine Show geben würde. Und ich wurde oft belohnt. Ich gewöhnte mir an, es im Kollegium zu tun und darauf zu warten, dass mein Freund ins Bad kam. Ich fühlte mich so entspannt wenn ich wichste.

Eines Tages folgte ich Jefferson am Morgen, schwänzte wieder eine Unterrichtsstunde für meine Sucht. Doch dieses Mal war es anders. Jefferson zog alle Kleider aus und masturbierte im Stehen. Ich konnte den Geruch seines Parfüms riechen, wie er mit seinem erregten Glied spielte wie um es mir zu zeigen, wie er stöhnte und sich mit der Zunge über die Lippen fuhr, als er sich dem Orgasmus näherte, und wie die Spritzer seines Samens im Wasser der Toiletten und an der Wand landeten und wie er mich anschaute und lächelte.

Ich konnte es nicht genießen, zog die mit Sperma beschmutzte Hose hoch, alles nass, und laufe nach links, aus dem Bad, vorbei an der Klasse, wobei meine Sachen verlassen lagen, so schnell wie ein Blitz ...

Als ich nach Hause kam, traf ich meinen Freund im Gespräch mit meiner Mutter, aber ich hörte ihnen nicht zu und begrüßte sie nicht und gab keine Erklärung. Mein Herz schlug in meinem Mund! Als ich jedoch in mein Zimmer kam, musste ich leise lachen, mit keuchendem Atem.
Ich war ein guter Schüler, und ging am Nachmittag ins Schulsekretariat. Jefferson war dort. Ich tat als ob mich das nicht kümmerte, versteckte meine Verzweiflung und sagte mit einer falscher Ruhe, das ich in einen anderen Kurs wechseln möchte, ohne ausführliche Gründe zu nennen.

Jefferson antwortete ohne mir in die Augen zu sehen, dass dies einige Zeit in Anspruch nehmen würde und dass ich damit bis zum Ende des Semesters warten müsste. Ich erschrak, fühlte mich mit einem Mal sprachlos und konnte mich nicht mehr ruhig halten. Er forderte mich auf, ihn für die Standard-Prozedur zu begleiten. Es war eine unbehagliche Situation.

Er bat mich, ihm zu folgen. Wir gingen zwischen mannshoch aufgetürmten Tischen hindurch zu einem Gebiet des Sekretariats, das ich noch nie betreten hatte. Es schien ein totes Archiv zu sein.

Er sagte ich solle eintreten und verriegelte die Tür. Ich erstarrte. Ich war sicher, dass er mich bestrafen würde. Und er schlug mich wirklich. Ich spürte seine Schläge und Tritte an meinem Körper, wie er mir flüsternd sagte, was für ein Ungeziefer ich sei und das er meine Gewohnheit, ihn zu beobachten schon so lange bemerkt hatte.

Ich weinte und lag auf dem Boden, während er den Gürtel herauszog und begann, mich mit Schlägen zu foltern, die mir ins Fleisch schnitten.

Er sagte, dass er der ganzen Welt erzählen würde was ich getan habe wenn ich weglaufen sollte. Er ließ mich auf dem Boden und holte ohne Worte seinen großen Schwanz heraus, hielt ihn in mein Gesicht und sagte, dass ich ihn in den Mund nehmen sollte. Was ich unter Tränen tat.

Er forderte mich auf ihn zu lutschen, gab mir einen Schlag ins Gesicht und holte meinen Schwanz aus der Hose. Langsam vergaß ich meine Schmerzen mit diesem wachsenden Glied in meinem Mund, das salzige Fleisch, das nach Urin schmeckte und in meiner Kehle hart und starr blieb.

Er zog meine Unterhose herunter, band meine Handgelenke mit einem Gürtel und begann mich zu wichsen. Ich weinte und konnte nichts tun.

Als mein Schwanz steif wurde und ich nicht mehr wusste, ob ich weinte oder nicht, zog er seine Hosen aus und legte sich auf mich, so dass sein Glied meinen Mund fickte und er mich frenetisch lutschte.

Ich ließ es geschehen ist, und ohne es zu merken genoss ich diese sexuelle Erfahrung. Es war seltsam. Schnell überflutete er meinen Mund mit seinem Sperma und machte, das ich kam, reinigte mich mit seinem Taschentuch, kleidete mich an, half mir auf die Füße, zog den Reißverschluss hoch und sagte, dass, wenn ich jemanden davon erzählen sollte, ich die Schule verlassen müsste oder schlimmeres.

Darüber hinaus, wenn ich ihn nicht jeden Tag sehen würde, würden alle Bescheid wissen über mich in der Schule und zuhause. Die folgenden Wochen, die folgenden Monaten, die folgenden Jahre waren eine Hölle, bis zum Abitur.

Aber es gab auch eine andere, seltsame Seite, und ich gewöhnte mich daran, Jefferson fast jeden Tag zu treffen. Es war, als wenn ich in gewisser Weise abhängig von ihm war. Nie gingen wir weiter als Masturbation und Oralsex. Oft gegenseitig. In den letzten Monaten begann ich es zu lieben.

Aber ich habe von meiner Leidenschaft gesprochen. Und in der Tat war davon durchdrungen. Mein Freund, dem ich so gerne beim Baden zugesehen hatte, war nicht mehr da. Er hatte seine Ausbildung beendet, war weit weggezogen und verheiratet.

Als Jefferson begann mich zu missbrauchen, bekam ich eine Depression. Ich war noch nie berührt worden und konnte mich kaum daran gewöhnen, von ihm missbraucht zu werden. Dann, wie beim Stockholm-Syndrom, begann ich Sympathie zu entwickeln für das, was passierte. Und für die Spannung.

Mein Freund verabschiedete sich von mir in einer traurigen Nacht, mittendrin in all dem was ich durchmachte. Er würde jemand heiraten die ich sehr gut kannte. Er brachte die Einladung zur Hochzeit für mich und meine Familie.

Kaum ein gelbes Lächeln. Ich wusste, dass es ernst war und dies der Beginn seines Lebens wäre und das Ende meiner Geschichte mit ihm. Es blieb nur der Wunsch, etwas mehr in seinem Leben zu bedeuten. Und das es wahrscheinlich ein Geheimnis bliebe. Aber mein Geheimnis war nicht geheim. Er schickte mir eine Notiz, als er nach Campinas ging:

"Lieber Freund,
Ich wusste immer von deinem Verlangen nach mir und wie sehr du mich wolltest und dass ich darüber nie mit jemandem sprechen werde, aus Respekt für deine Familie und auch für dich. Ich weiß was du fühlst seit wir uns zum ersten Mal gesehen, aber ich konnte es nie erwidern. Und ich werde es nie können. Trotzdem wünsche ich dir, dass du glücklich wirst. Ich will dir nichts Schlechtes tun. Folge deinen Weg."

Was war wie ein Stein. Ich war nicht die Katze - Fledermaus. Ich war kaum ein Mann und schon zweimal erwischt. Vielleicht mehr.

Ich lernte mehr über Voyeurismus und Exhibitionismus. Nicht immer ist es so, dass das Objekt der Begierde nicht weiß, was passiert. Und nicht immer bleibt der Voyeur ungesehen.

Aber nach diesem Moment wusste ich, wem meine Leidenschaft galt. Nach Beendigung des Kurses, als ich weder Jefferson noch meinen Freund traf, verstand ich, dass das Verlangen im Begehren liegt und nicht im Haben.

Ich wurde entschlossener darin und hörte auf, mich dabei deprimiert zu fühlen. Heute ist das Beobachten von Menschen natürlich für mich und mit weniger Schuld gepaart. Aber ich habe die Chance verloren auf ein besseres Verständnis über die Liebe durch mich an das Vergnügen der Augen auszuliefern. Aber alles war für meine Entwicklung als Mensch.

Meine Gedanken darüber, was zu sehen mir Freude macht oder nicht, sind widersprüchlich, wie der Wunsch gleichzeitig die Macht zu haben und doch machtlos zu sein um die Minuten zu stehlen, dem Anderen Freude zu geben und die eigene Freude zu fühlen.

Wenn Jefferson mich berührte, verletzte er alle Regeln und ließ mich verwundbar in einer Realität, in die ich nicht gehörte. Die Berührung war nicht willkommen. Nur die Bewunderung. Aber alle Erfahrungen waren wertvoll. Das Platonische, ja, das war schön. Aber es wurde kaputt gemacht durch Unverständnis. Die Leidenschaft besteht nur solange sie nicht Realität wird.